Carga de treino e periodização: guia completo para corredores

Domine TSS, CTL, ATL, TSB e organize ciclos de treino para render mais e evitar overtraining

Pontos-chave

  • TSS quantifica carga combinando intensidade² e duração
  • CTL (42 dias) mostra fitness; ATL (7 dias) mostra fadiga
  • TSB = CTL - ATL; positivo = fresco, negativo = acumulando carga
  • Regra 80/20: 80% fácil (Z1-2), 20% duro (Z4-5) evita zona cinza
  • Periodização: base → construção → pico → taper para chegar no auge

Gerir carga de treino é a diferença entre progredir e se machucar. Este guia traduz métricas (TSS, CTL, ATL, TSB) em decisões práticas e mostra como distribuir intensidade e volume ao longo de um ciclo.

O que é carga de treino

Carga de treino combina volume e intensidade para estimar o stress fisiológico de cada sessão. Quilometragem sozinha não diz o quão duro foi; TSS responde “quão difícil foi?”.

Métricas principais

  • TSS (Training Stress Score): IF² × horas × 100 (IF = ritmo limiar / ritmo médio). 1h no limiar = 100 TSS.
  • CTL (Chronic Training Load): média exponencial de 42 dias; representa fitness.
  • ATL (Acute Training Load): média exponencial de 7 dias; representa fadiga recente.
  • TSB (Training Stress Balance): CTL – ATL; prontidão. +10 a +20 é ideal para prova.

Intervalos típicos de TSS por sessão

TSS Tipo de treino Recuperação
<50Recuperação, trotes, strides<24 h
50-100Rodagem / longão fácil24-36 h
100-200Tempos/longos com qualidade36-72 h
>200Provas, longões duros72 h+

Periodização para corrida

Divida o ciclo em fases para controlar carga e chegar ao pico na prova-alvo.

Fase 1 — Base (4-8 semanas)

  • 60-70% do volume em Zona 2; regra 80/20 aplicada.
  • Longão progride 10-15%/sem até 90-120 min.
  • Força geral 2-3×/sem; poucos estímulos de intensidade.

Fase 2 — Construção (6-10 semanas)

  • 1 sessão de limiar (Zona 4) por semana (20-40 min acumulados).
  • Longões com blocos em ritmo de prova (10-30% do longão).
  • Volume se aproxima do pico; semanas leves a cada 3-4 semanas.

Fase 3 — Pico específico (4-6 semanas)

  • Volume máximo; mais tempo em ritmo de prova.
  • Manter 80/20 para evitar fadiga crônica.
  • TSB fica levemente negativo (-10 a -30) enquanto acumula forma.

Fase 4 — Taper (2-3 semanas)

  • Reduzir volume 40-60%, manter alguma intensidade.
  • TSB volta a positivo (+10 a +20) perto da prova.
  • Foque em sono, nutrição e ritmo de prova curto.

Distribuição semanal

  • 2-3 dias duros: longão, tempo/limiar, VO2 (dependendo da fase).
  • 3-4 dias fáceis: rodagem Z1-2.
  • 1 dia de descanso/cross: opcional conforme fadiga.
  • 80/20: monitore minutos por zona; fuja da “zona cinza”.

Como acompanhar CTL/ATL/TSB

  • CTL: subir 5-8 pts/sem nas fases de base/construção; cair levemente no taper.
  • ATL: evitar picos de +30 sobre CTL por muitos dias.
  • TSB: mantenha levemente negativo em bloco de construção; busque +10 a +20 para dia de prova.

Erros comuns

  • Fazer muito Z3 (zona cinza) e pouco Z1-2.
  • Pular semanas leves; CTL sobe rápido demais → lesão.
  • Longões viram prova; fadiga crônica e TSB muito negativo.
  • Taper agressivo demais (perde forma) ou curto demais (não recupera).

FAQ rápido

Qual TSS semanal mirar?

Depende da forma e histórico. Recreativo: 300-500. Competitivo: 500-700. Aumente <=10%/sem e insira semanas leves.

Como usar TSB para provas?

Planeje taper para chegar com TSB +10 a +20 no dia da prova. Se estiver +30, talvez reduziu demais; se -10, falta recuperar.

FC ou ritmo para calcular TSS?

Para corrida, TSS por ritmo relativo ao limiar (VCC) é o mais consistente. FC ajuda em calor/fadiga; potência funciona se tiver sensor.